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Nova edição do Boletim Fiscal dos Estados Brasileiros destaca desaceleração da economia e queda no consumo de bens materiais

O Comsefaz e o Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento (Cicef) apresentaram o “Update” da 2ª edição do Boletim Fiscal dos Estados Brasileiros com dados atualizados sobre receitas, despesas e investimentos, relativos ao 1º semestre de 2025, em cada uma das 27 Unidades da Federação.

O estudo também trouxe análises sobre os comportamentos do mercado de trabalho e do Produto Interno Bruto (PIB) no país. A desaceleração da economia e a queda no consumo de bens materiais são destaques no relatório.

Uma das novidades da versão atualizada do boletim é a seção específica dedicada ao câmbio e ao mercado externo. O estudo destaca uma valorização da moeda brasileira frente ao dólar a partir de janeiro de 2025. O papel de fatores domésticos e externos, como o elevado diferencial de juros e a redução do risco-país, foram importantes para consolidar essa mudança.

O Boletim Fiscal dos Estados Brasileiros é uma produção do Comsefaz em parceria com o Cicef e conta com a coordenação técnica do Grupo de Gestores das Finanças Estaduais (Gefin). Os dados usados no estudo são extraídos de fontes oficiais públicas como das pesquisas mensais do IBGE, das séries temporais do Banco Central, do Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e da Plataforma de Dados do Comsefaz.

O “update” da 2ª edição do boletim foi divulgado, nesta quarta-feira (14), em transmissão ao vivo pelo canal do Comsefaz no Youtube, com participação do presidente do Comitê, Flávio César, do diretor-presidente do Cicef, Carlos Pinkusfeld Bastos, e da coordenadora dos grupos de trabalho de Sustentabilidade Fiscal e de Transferências do GEFIN, Simone Mello. Secretários e técnicos das Fazendas estaduais também acompanharam a live, comentaram a apresentação e tiraram dúvidas.

Na abertura, o presidente do Comsefaz, Flávio César, destacou a contribuição do Comsefaz e do Cicef para o debate macroeconômico do país, com destaque particular para as áreas fiscal, financeira e tributária dos estados:

“O boletim fiscal dos estados brasileiros tem como finalidade principal ajudar em uma das razões de ser do Comsefaz, que é o fortalecimento do federalismo brasileiro, fazendo com que a análise acadêmica caminhe junto da realidade do dia a dia vivenciada por cada uma das 27 Fazendas estaduais. O boletim é, portanto, uma maneira de as secretarias de Fazenda, em parceria com a academia e com os centros de pesquisa, apresentarem à sociedade brasileira suas expertises nesses temas. Neste “Update”, temos uma atualização e um aprofundamento da análise apresentada na 2ª edição do Boletim Fiscal dos Estados Brasileiros, publicada em junho de 2025. O nova versão incorpora as informações mais recentes sobre a evolução da economia brasileira no primeiro semestre de 2025. A partir de dados oficiais, este trabalho oferece uma visão integrada sobre o desempenho da atividade econômica, do mercado de trabalho, das contas externas, do crédito, da inflação e das perspectivas de crescimento do PIB até o final do ano”, disse.

Queda no crescimento do PIB e no consumo de bens materiais

Os dados atualizados do boletim revelam a desaceleração da economia brasileira, com queda no crescimento do PIB e também no consumo de bens materiais, em que pese o aquecimento do mercado de trabalho. A compra de veículos e motocicletas, equipamentos de informática e comunicação, e móveis estão entre as reduções no consumo mais expressivas.

Segundo o professor Carlos Pinkusfeld Bastos, a queda nas vendas destes itens pode ser explicada ainda que o desempenho do consumo não seja inteiramente consistente com os dados de mercado de trabalho, que segue registrando redução do desemprego e aumento da ocupação e da força de trabalho:

“Dado o aumento do salário real, a massa dos rendimentos também vem se elevando de forma consistente em 2025. Assim, uma elevação do consumo induzido pelos rendimentos seria esperada, mas não a de itens de maior valor unitário. Estes têm uma dinâmica relacionada ao crédito, que apresentou uma clara desaceleração no ritmo das concessões. Aliás, a linha de crédito que mais fortemente caiu foi a do setor imobiliário, um componente que, no exame das contas nacionais, teve uma contribuição negativa ao crescimento do PIB. Nesta seção também foram calculadas elasticidade juros em relação a taxa de juros a quais serviram de base para as estimativas de crescimento do PIB para 2025”, afirmou.

Em relação ao crescimento do PIB, o boletim também registrou uma queda no comparativo ao trimestre anterior, de 1,3% para 0,4%, e em relação ao mesmo trimestre de 2024, passando de 3,7% para 2,6%.

“Os dados mais recentes, incluindo o resultado do PIB no segundo trimestre, confirmam uma hipótese levantada no relatório anterior. A queda das importações de 2,85% em relação ao trimestre anterior reforça este quadro da demanda, refletindo a queda do consumo e especialmente o investimento. Pelo lado da oferta o quadro se repete, dentro do qual podemos destacar o comportamento da indústria da transformação, em particular. Este comportamento também foi refletido em pesquisas mensais de indústria, com forte queda da produção de bens de consumo e mau desempenho do setor de bens de capital. Os dados das pesquisas mensais da indústria se encontram, na sua maioria, no vermelho, exceção feita aos comparativos de acumulados de 12 meses, os quais, entretanto, ainda refletem o bom desempenho de 2024”, explicou.

Desaceleração na arrecadação de receitas estaduais

Na seção dedicada às finanças estaduais, o boletim apresentou uma desaceleração considerável na arrecadação das receitas, ao passo que apontou uma leve retração no ritmo de expansão das despesas.

No campo dos investimentos, o Nordeste é a região com o maior percentual de despesas com investimento líquido no comparativo com a Receita Corrente Líquida (RCL), seguida da região Norte. Entre os estados nordestinos, o destaque é o Piauí, com 18,2%. Já o Pará, com 12,5%, é o estado com a maior relação investimentos sobrea RCL na região Norte.  

Ao apresentar os principais dados do boletim, o diretor-presidente do Cicef afirmou que a análise dos investimentos merece destaque pela importância das despesas dessa natureza para a dinâmica econômica do país como um todo. Por outro lado, fez a ressalva de que “as despesas públicas, em geral, tendem a se concentrar mais no 2° semestre, o que é ainda mais notável nos investimentos. Além disso, dificuldades das mais variadas naturezas na execução desse tipo de despesa não raramente frustram esforços dos governos nas três esferas federativas para concretizar os investimentos planejados”, destacou.

Câmbio

Sobre a valorização da moeda brasileira frente ao dólar, o boletim mostrou que, se por um lado a valorização recente do real esteve condicionada a fatores financeiros externos favoráveis comuns a outras economias em desenvolvimento, por outro o quadro das transações correntes continuou a mostrar sinais de deterioração.

“A balança comercial manteve superávits expressivos, em linha com o padrão histórico, mas esses ganhos foram mais do que compensados pelos déficits persistentes em serviços e, sobretudo, em rendas primárias. O resultado agregado mostra déficits, com alguma melhora em março e abril, mas voltando a se aprofundar em maio e alcançando cerca de US$ 7 bilhões em julho. Esse comportamento reflete, em grande medida, a pressão estrutural exercida pelas remessas de lucros e dividendos que seguem como o principal fator de fragilidade da conta corrente”, diz o relatório, que estará disponível em breve na página do Comsefaz.

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